Não é de hoje que o serviço social discute a comunicação como estratégia para fortalecimento do projeto ético-político e para ampliação da visibilidade da profissão. Mas de uma década para cá, este debate tem ganhado mais espaço no Conjunto CFESS-CRESS e alcançado outros patamares. Passou-se a debater a comunicação como direito humano, seguindo a linha dos movimentos sociais que defendem a democratização da comunicação no Brasil. Os CRESS têm investido em assessorias de comunicação. A Política Nacional de Comunicação está em sua segunda edição. E, neste ano, será realizado, em Recife (PE), o 3º Seminário Nacional de Comunicação do Conjunto. Com o tema “Redes sociais, linguagem e política”, a proposta do evento é aprimorar a comunicação do CFESS e dos CRESS com assistentes sociais e com a sociedade.
Foi para aquecer e preparar este debate que o CRESS-RJ organizou, no dia 15 de março, um seminário estadual com a mesma temática. “Como evitar reproduzir a discriminação racial, social e sexual ao utilizarmos a língua que carrega, em sua estrutura, os valores dominantes da sociedade? Até que ponto as redes sociais são instrumentos de mobilização ou, ao contrário, de desmobilização dos movimentos sociais? Qual a melhor maneira de utilizá-los a favor de nosso projeto de sociedade?”, propôs o evento, que abre caminho para que outros Regionais também organizem seus próprios seminários.
Dividido em duas mesas – "Política, linguagem não discriminatória e Serviço Social" e "Redes sociais, Serviço Social e disputa de hegemonia” – o seminário levantou questões incipientes no âmbito do serviço social e comunicação. Afinal, a linguagem não é neutra, revela disputa de poder e de projetos de sociedade. “Ou seja: assistentes sociais, ao escreverem um parecer social ou laudo técnico, devem ter uma escrita singular à profissão”, defendeu a assistente social Selma Marques Magalhães, autora do livro "Avaliação e linguagem: relatórios, laudos e pareceres". Mas e quando se comunicam com a população usuária? Como se fazem entender, seja na fala ou na escrita?
Jonê Carla Baião, doutora em linguística pela PUC-RJ, afirmou que a linguagem extrapola a palavra e esta, descontextualizada, é neutra. Mas o que mais chamou a atenção em sua fala foi: a linguagem está em constante mutação e ganha novos significados a cada dia. Ou seja: debater uma linguagem não sexista em uma categoria majoritariamente feminina é um movimento quase que obrigatório para o Conjunto. E não só isso: uma linguagem que não reproduza a discriminação racial e social também.
Em um momento em que Facebook e Twitter são febres constantes no Brasil e no mundo, o tema redes sociais também é obrigatório para o Conjunto. Arthur William, jornalista integrante do Coletivo Intervozes, e pós-graduado em TV Digital, deu um panorama da luta pelo direito à comunicação no Brasil, criticando os oligopólios que dominam a área. Ele revelou também os perigos de as instituições se apoiarem nas redes sociais como plataformas únicas para divulgação de seus discursos, dando exemplo do Facebook, que, como uma empresa privada, controla o conteúdo que circula em sua rede.
Para trazer a discussão para as experiências do Conjunto, o assessor de comunicação do CFESS, Rafael Werkema, defendeu que, enquanto fenômenos de comunicação, as redes sociais são espaços de disputa de hegemonia e podem contribuir para a visibilidade da profissão. Para se ter uma ideia, o número de visualizações da página do CFESS no Facebook ultrapassou o número de visitas ao site oficial. Ele ainda defendeu que o CFESS continuará ocupando os espaços necessários para ampliar a visibilidade da profissão, na perspectiva do projeto ético-político do serviço social brasileiro.
Gestão Tempo de Luta e Resistência – 2011/2014
Comissão de Comunicação
Diogo Adjuto - JP/DF 7823Assessoria de Comunicaçãocomunicacao@cfess.org.br
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