Por unanimidade, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado
aprovou nesta quarta-feira (19) o projeto de lei que cria a Comissão da
Verdade.
Após a votação, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou que
vai pedir urgência para a tramitação da matéria, o que leva a proposta
diretamente para análise em plenário. Sem a urgência, o texto teria que
passar por mais duas comissões antes de ser discutida no plenário.
A comissão será um grupo governamental que, depois de dois anos de
investigação, fará a narrativa oficial das violações aos direitos
humanos ocorridos entre 1946 e 1988, o que inclui as mortes e
assassinatos da ditadura militar (1964-1985).
A CCJ aprovou o parecer do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que
foi guerrilheiro na ditadura. O tucano não fez mudanças no conteúdo do
texto aprovado pela Câmara, apenas um ajuste de redação.
Se o texto for alterado no Senado, voltará à Câmara, onde foi aprovado em setembro com emendas de DEM e PSDB.
Durante a votação do relatório, todos os senadores se posicionaram favorável à criação do grupo.
Os senadores Pedro Taques (PDT-MT), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Ana
Rita (PT-ES) defenderam mudanças e não descartaram apresentar emendas em
plenário. Taques chegou a falar que seria favorável que a comissão
tivesse poder de punir.
Os parlamentares querem discutir o prazo de funcionamento da comissão,
que é de dois anos, a participação de militares no grupo e o período de
investigação.
O relator disse que está aberto para discussões, mas que não vê necessidades para essas modificações.
Sobre o curto prazo para a elaboração do trabalho da comissão, Ferreira
disse que as análises não vão "começar do zero". " Ela começa com base
em documentos, achados, que vêm sendo objetos de trabalhos que existem
há muito tempo, da comissão de anistia, de decisões judiciais."
O senador disse que é contrário a exclusão dos militares do grupo. "Há um princípio constitucional de isonomia."
Em relação ao longo período de análise, Ferreira garantiu que o foco
será as violações dos direitos humanos na ditadura militar. "Eu acho que
a fixação prazo que é dado é razoável, desde que tenha foco de que há
graves violações entre o golpe e a proclamação da anistia."
O tucano afirmou que não há impedimento para que o trabalho da comissão
provoque punições. Para ele, essa função, no entanto, não pode ser do
grupo. "A comissão não é tribunal. Se alguém quiser utilizar o trabalho
da comissão como base e acionar o Judiciário, o Judiciário não pode ser
impedido de avaliar."
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