Presidente do Cress-PR encerra evento do dia do(a) Assistente Social relembrando os compromissos da categoria
A palestra de encerramento do evento do dia do(a) Assistente Social contou com a presença de Jucimeri Isolda Silveira, presidente do Cress-PR. Jucimeri começou relembrando da carga histórica da profissão de assistente social.”O assistente social constrói relações, intervenções e mediações de diversas dimensões, atendimento à população, trabalho com coletivos, atendimento individual à demanda, espaços coletivos de controle social, sociedade civil organizada, terceiro setor e setor empresarial”.
De acordo com a presidente, o (a) assistente social estabelece estratégias para garantir direitos, e essa conquista é parte de todo um processo sócio-histórico. No entanto, Jucimeri alertou os (as) profissionais sobre condutas de trabalho. “Temos nos preocupado com a atuação profissional que veda o direito do usuário e coloca em situação vexatória. Ofusca as dificuldades e reforça os processos de discriminação e preconceitos”, destacou Jucimeri.
Contra o conservadorismo
A assistente social também condenou práticas conservadoras em Serviço Social. Segundo Jucimeri, essas práticas incluem: “a concepção autoritária de família, estrutura de família tradicional, concepção de estado, mecanismos coercitivos para conter as manifestações sociais, minimizar a pobreza, e de que o estado deve atuar para regular a propriedade e amenizar naturais de pobreza”, afirma. A assistente social alertou para a priorização do debate sobre população de rua e a forma como ela tem sido atendida pelo serviço público de assistência social. “Nós precisamos prevenir as infrações éticas”.
A sociedade tende a adotar projetos conservadores e reguladores, de acordo com Jucimeri. “Não é à toa que assistentes sociais tendem ao imobilismo, à incredibilidade, aprisionamento e apatia, que imobilizam a prática e fazem com que as instituições tendam ao sofrimento”, destacou a presidente. Jucimeri destacou que o exercício profissional do(a) assistente social possui uma autonomia relativa.
Jucimeri: “Não queremos uma sociedade de assistidos, queremos uma sociedade politizada, que pela organização e mobilização faz com que o estado responda”
O ofício de Serviço Social não deve significar apenas assistência à saúde e previdência, afirma Jucimeri, ele deve conceber que seguridade social agrega um conjunto de direitos. “Não queremos uma sociedade de assistidos, queremos uma sociedade politizada, que pela organização e mobilização faz com que o estado responda”, afirmou Jucimeri. A presidente também ressaltou a necessidade de reformas estruturantes, que não sejam transformismos que favoreçam o privado, mas sim permitam avanços na socialização da renda.
Desafios
Jucimeri destacou a atuação teimosa e persistente do Serviço Social na garantia de direitos, além de destacar a estruturação de serviços como Cras e Creas, na busca da requalificação da atuação do (a) assistente social nesses espaços. A presidente ressaltou ainda a cooperação com o Ministério Público e Tribunal de Justiça para a reestruturação do Serviço Social no judiciário. “Devemos resistir à terceirização do serviço social, deve haver uma equipe técnica qualificada. Os direitos não se materializam sem a presença de assistente social”, debateu Jucimeri.
Auditório lotado
A presidente alertou para os princípios da ética no exercício profissional, lembrando das questões atuais de criminalização da pobreza e dos movimentos sociais. Jucimeri ainda ressaltou a defesa do Projeto de Lei para a criação do Sistema Único de Assistência Social (Suas). “Esse PL fará o repasse de recursos para o quadro público e desprecarizará o serviço público de assistência social”.
Jucimeri finalizou sua palestra lembrando que o compromisso do (a) assistente social é tornar os invisíveis socialmente, visíveis, e para isso possui uma capacidade incrível de organização da categoria. “O (a) assistente social deve combinar o pessimismo da razão que critica a sociedade, com o otimismo da vontade, fortalecendo as esperanças e favorecendo a construção de uma sociedade livre de opressão e desigualdade”, concluiu.
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